• Cláudia Fonseca, Les vieilles filles de bonne famille

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    FONSECA, Cláudia Fonseca. Les vieilles filles de bonne famille: Une étude de femmes celibataires françaises nées au debut du XXème siècle. in: Vibrant – Virtual Brazilian Anthropology, v. 3, n. 2. July to December 2006. Brasília, ABA. Available at http://www.vibrant.org.br/issues/v3n2/claudia-fonseca-les-vieilles-filles-de-bonne-famille/

    Abstract

    This article explores possible explanations for the apparently high number of never-married elderly French women who, at the end of the 1980’s (when we were able to interview some of them), still played an active role in various bourgeois families. Most of these women were seen, and saw themselves, as victims of World War I, which, by killing off 1,500,000 French men, condemned many of that generation to spinsterhood. This Malthusian explanation has been proved unfounded by demographic researchers, requiring a new approach that underlines social and class dynamics. Our data suggests that while women of other classes adjusted their choice of mate to the restricted conditions of the matrimonial market (accepting widowers, immigrants, and younger men of modest standing – those who would have been passed over in better times), those of the middle bourgeoisie were caught between the theoretical importance of romantic love and the social mechanisms still in place to perpetuate class hierarchy (dowry, segregated schools, reduced sociability in the public sphere, and priority claims of the consanguineal household). Ironically, among these women, during this post-War period of societal transformation, the desire to perpetuate certain class values impeded their marriage, and the production of a new generation.

    Resumo

    Nesse artigo, exploramos o porquê do aparentemente grande número de Francesas idosas, nunca casadas, que, ao final dos anos 1980 (quando entrevistamos algumas elas), ainda desempenhavam um papel ativo em várias famílias burguesas. Em geral, essas mulheres se viam e eram vistas como vítimas da Primeira guerra Mundial que, ao matar 1,500,000 homens franceses, teria condenado muitas mulheres daquela geração ao celibato. Porém, essa explicação maltusiana tendo sido refutado pelos demógrafos, hoje cabem novas abordagens analíticas – as que sublinham fatores sociais e, em particular, dinâmicas de classe. Nossos dados sugerem que, enquanto mulheres de outras classes adaptavam sua escolha de conjuge às condições limitadas do mercado matrimonial de então (aceitando se casar com viúvos, imigrantes e homens mais jovens ou de renda modesta), aquelas da pequena burguesia foram pegas no fogo cruzado entre a importância teórica do amor e os mecanismos sociais que ainda serviam para a perpetuação da hierarquia de classe (dote, escolas segregadas, sociabilidade limitada na esfera pública, e demandas prioritárias da família consanguínea). Ironicamente, durante o período pós-Guerra de rápida transformação social, o desejo dessas mulheres de perpetuar os valores de uma certa classe criou obstáculos ao seu casamento, a à produção de uma nova geração.

    Résumé

    Dans cet article, nous considérons de différentes explications pour le grand nombre de Françaises âgées jamais mariées qui, à la fin des années 1980, lors de nos entretiens avec elles, prenaient encore un rôle actif dans leurs familles de la petite bourgeoisie. Le plus souvent, ces femmes se voyaient et étaient vues comme des victimes de la Première Guerre Mondiale qui, en causant la mort de 1,500,000 hommes français, condemnait les femmes de cette génération au célibat. Cette explication malthusienne, pourtant, a été refutée par les démographes qui, de nos jours, tendent à donner la priorité analytique aux facteurs sociaux et à des dynamiques de classe. Nos données suggèrent que, alors que les femmes d’autres classes adaptaient leur choix de conjoint aux conditions limitées du marché matrimonial (acceptant de se marier avec des veufs, des immigrés, des hommes plus jeunes ou de revenus modestes ), celles de la petite bourgeoisie ont été prises dans un feu croisé entre l’importance théorique de l’amour romantique et les mécanismes sociaux encore en place pour perpétrer la société de classes : dot, séparation des sexes, absence de lieux de sociabilité, et les demandes de la maison consanguine. D’une façon ironique, il s’avère que, parmi ces femmes, pendant cette période post-Guerre de transformation, le désir de perpétuer certaines valeurs de classe a créé des obstacles au mariage et, ainsi, à la production d’une nouvelle génération.